sábado, 7 de julho de 2012

REDE LATINO-AMERICANA DE TEATRO E CULTURA PUBLICA CARTA MANIFESTO NA RIO+20


 CULTURA + NATUREZA = CULTURA VIVA

Com a emoção dos que se somam com alegria à Grande Caravana da Vida, semelhante à que experimentamos viajando por nosso continente para nos somarmos a este espaço de encontro, destacamos que é mais fácil ver cair um edifício alto do que uma árvore de raízes profundas como a ceiva e o baobá.

Neste momento da Cúpula dos Povos, estamos sendo testemunhas de como (nos espaços oficiais da Rio+20) o sistema capitalista mundial em sua natureza camaleônica, pretende agora vestir-se de verde, sem no entanto levar nenhum sopro de vida em suas veias obstruídas. Nós nos apresentamos como experiências sociais articuladas na Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária, e compartilhamos nossas reflexões e contribuições ao debate e construção coletiva de outro mundo possível. Fazemos parte de experiências culturais comunitárias e pontos de cultura, enraizadas em práticas e saberes diversos, experiências de economia solidária e de cuidados dos nossos bens comuns. Elas se constroem com base em valores que nada tem a ver com a concorrência, o lucro e a exploração. A cultura para nós é um direito vital e um bem comum. A cultura em uma perspectiva comunitária, nunca será mercadoria. Ao contrário, é uma expressão coletiva, encarnada na semente mais profunda que é o próprio corpo, a semente do corpo onde germinamos outro mundo possível.

Diante do fracasso do chamado “desenvolvimento sustentável” e da proposta do “capitalismo verde”, é preciso afirmar com toda clareza que o que não é sustentável é o próprio capitalismo.

Porque não se pode fazer frente à crise sócio-ambiental sem mudanças substanciais nas estruturas econômicas e no modelo de consumo atual. Necessitamos enfrentar e desconstruir as estruturas hegemonizantes e dominadoras que hoje se configuram o sistema em geral e a indústria cultural e de consumo e entretenimento em particular. Necessitamos construir uma visão de cultura e de mundo mais próxima a multiplicidade da cultura comunitária, reconhecendo sua relação harmônica com os bens comuns e naturais em cada comunidade. Para enfrentar os desafios que temos como humanidade é necessário um profundo fortalecimento das experiências culturais comunitárias, locais , regionais e itinerantes que hoje protagonizam tantos meninos e meninas , jovens, adultos e idosos na América Latina. Está cada vez mais claro que as dimensões ética, estética e solidária como aspectos integrais da vida humana , e que estes elementos se conjugam quando fazemos coletivamente arte, comunicação, educação e cultura. Reinvindicamos o direito a Água, como a Terra e a Cultura, a necessária inversão em cuidado e fortalecimento de nossas culturas comunitárias e aprofundamento de uma deliberativa e comunitária:

1 – A Água como a Terra e a Cultura são bens inegociáveis e básicos da dignidade, bens universais dos povos da terra . Precisamos assegurar e reconhecer as culturas comunitárias, a identidade, saberes e fazeres dos povos tradicionais de terreiros indígenas, comunidades originárias , e construir coletivamente uma visão onde sejamos todos efetivamente defensores do futuro. A vida não pode ser mercantilizada.

2- Como parte fundamental do caminho que fazem nossos povos na criação de uma democracia participativa e integral, propomos que os governos do continente latino americano assegurem um orçamento mínimo de 0,1% do PIB´s nacionais para a implementação de políticas públicas que fortaleçam as experiências culturais comunitárias autogestivas e independentes, em um perspectiva de desenvolvimento local, economia social, acesso aos meios de produção e difusão cultural, direitos e cuidados com os bens comuns e com o habitat das comunidades.

3- Entendemos por democracia deliberativa e comunitária em nosso países , que se inclua a cultura como elemento central da diversidade, e que uma nova cultura política e cidadã se fundamente em novos paradigmas mais solidários, democráticos e cuidadosos de nossos bens comuns. E que as políticas públicas de cultura sejam criadas e compartilhadas em diálogos abertos e democráticos, de baixo pra cima, e que estas dimensões estejam incorporadas em programas políticas e legislações culturais.

Afirmamos que entendemos como Cultura Viva esta mescla festiva da cultura com a natureza, dimensões que podem se conjugar se acreditarmos com firmeza em nosso poder coletivo e humano. Com a emoção dos que se somam com alegria à Grande Caravana da Vida, semelhante à que experimentamos viajando por nosso continente par nos somarmos a este espaço de encontro, destacamos que é mais fácil ver cair um edifício alto do que uma árvore de raízes profundas como a ceiva e o baobá. Seguiremos semeando os milhões de ceivas e baobás que necessitamos para transformar o mundo desde duas raízes e desde suas sementes.

Um abraço latino americano Viva La Pátria Grande!

Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária



Red Latinoamericana de Arte para la Transformación Social  (RLATS) , Articulacción Latinoamericana Cultura y Política (ALAPC), Red Latinoamericana de Teatro em Comunidad, Associacón Latinoamericana de Educación Radiofônica (ALER), Red Maraca, Red Mesoamericana, Rede Brasileña de Arte Educadores (ABRA), Red Latino Americana de Gestores Culturais, Comissão Nacional de Pontos de Cultura de Brasil, Terra des Homes, Alemanha, Hivos, Red Afroambiental e Red Nacioanal dos Povos de Terreiro.

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